quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

“Viver uma escola analógica é um erro” -Entrevista com Lilian Lima

“Viver uma escola analógica é um erro”

Autor: Da RedaçãoFoto: “Viver uma escola analógica é um erro”
Na última semana de julho, a equipe do Jornal, Escola e Comunidade (JEC) indica a leitura de “Por dentro da educação infantil - a criança em foco”, de Lilian Lima Pereira. O livro, publicado pela Wak Editora, aborda as mudanças de comportamento infantil e o modo como pais e educadores devem trabalhar diante dessa nova realidade.
Confira um trecho da entrevista concedida pela autora para o especial de férias do JEC.

Como as crianças são vistas atualmente, inclusive na escola?
A noção atual de infância é bem recente. Há 200 anos acreditava-se que existia um pequeno homem dentro de cada criança. Isso começa a ser modificado, pois já se busca uma compreensão sobre essa faixa etária.

Que dificuldades os pais e professores enfrentam para compreender essa faixa etária?
Já se busca um novo olhar para o universo infantil. Inclusive o conceito de infância já não mais se compatibiliza com um de seus antigos significados: infante (aquele que não fala). Então, os professores já não exercem tanta influência sobre seus alunos. É difícil constatar e aceitar essa realidade. As crianças de hoje tem acesso a todo tipo de informações. Os educadores precisam rever conceitos e começar a evidenciar o sentido das informações.

Como os professores de Educação infantil devem ser comportar? Os professores que trabalham direto com crianças precisam ter competências múltiplas e trabalhar com as linguagens da criança. É preciso também trabalhar com conteúdo que abrangem desde cuidados básicos até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Trabalhar com a brincadeira, diversificar os ambientes de aprendizagens é essencial. É preciso questionar: as crianças se movimentam na escola? Como interagem nos espaços escolares? Os professores admitem o movimento na sala de aula? A docência é constituída a partir de saberes oriundos tanto as dimensões pessoais quanto profissionais. É preciso observar o que a orienta.

Que mudanças os profissionais da educação observam no cotidiano?
Hoje vivemos na era da tecnologia. Sem dúvida, não se pode negar o progresso que isso nos trás. Antes a escola podia se contentar com a função de transmissora do conhecimento, responsável pelos saberes universais, mas hoje isso não é mais assim. Os alunos podem acessar informações de todo o mundo, obter o prazer por meio de imagens, jogos e viagens. A internet passou uma rasteira nos mestres porque é mais ágil e interessante que a sala de aula. Viver uma escola analógica, em uma sociedade digital é um erro, que iremos pagar se não começarmos o processo de mudança já.

Quais recursos deveriam ser usados no cotidiano da escola?
São aqueles que se usam tradicionalmente, tais como jogos, dinâmicas, quebra-cabeças ou massas de modelar. Porém o mais importante é a forma como o professor interage com a criança. Tudo pode funcionar com a criança se houver o prazer em aprender.

De que forma o professor de educação infantil pode cultivar nos alunos o hábito da leitura, inclusive de jornais?A leitura é um processo aprendido de reconhecimento e compreensão de palavras e frases que se apóiam mutuamente, levando a criança a se interessar por materiais impressos, brincando e descobrindo significados. Isso melhora a comunicação com outras pessoas e com o mundo. Se, para criança, a escrita é uma atividade complexa, o jogo, especialmente o jogo dramático o contrário, é uma atividade motora que ajuda a desenvolver habilidades necessárias para a escrita. O jornal pode ser explorado, por meio das imagens, dos quadrinhos, dos jogos, das notícias que estejam relacionadas com a realidade da criança.



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